quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O QUE É ANSIEDADE?



Uma definição literal diria que a ansiedade é um processo fisiológico natural, selecionado naturalmente através da evolução humana e marcado por reações físicas específicas, que permite ao indivíduo preparar-se para apresentar comportamentos adaptativos frente a situações ameaçadoras, especialmente no que se refere à sua sobrevivência.
Num aspecto mais subjetivo, e mesmo patológico, o termo “ansiedade” refere-se a um estado emocional de aflição e medo, no qual o indivíduo sente-se vulnerável em relação a diversas expectativas, em geral bastante negativas.
Vamos destrinchar, parte por parte, os conceitos supracitados.

A ansiedade é um processo fisiológico natural
Dizer que a ansiedade é “natural” significa dizer que ela está em nossa genética, ou seja, é uma resposta normal do organismo humano, e por isso, sintomas físicos normalmente estão presentes.


Todos os indivíduos ficam ansiosos em algum momento de suas vidas, pois esta é a resposta espontânea do organismo diante de situações ameaçadoras.
Em última análise, isso significa que a ansiedade em si não é um problema – a ansiedade só se torna patológica quando é experienciada de maneira desproporcional, causando sofrimento intenso, ou mesmo crônico, ao indivíduo.

A ansiedade foi selecionada naturalmente
Diversas características humanas que eram observadas nos nossos antepassados ancestrais continuam presentes no organismo do humano “moderno”. Estas características, que podem ser chamadas de filogenéticas, são transmitidas por meio da carga genética, ou DNA. Assim é com nosso sistema imunológico, nossa acuidade visual, nossa estrutura óssea, nosso funcionamento cardíaco, bem como muitas outras características.
No tempo das cavernas, o homem possuidor de características favoráveis à sua sobrevivência tinha mais chances de reproduzir e gerar prole saudável. Indivíduos com mal-formações tinham menos chances de manterem-se vivos ou de reproduzir. Poderíamos, a título de exemplo, imaginar um homem infértil nesta época: ele não poderia procriar, e portanto seus genes não seriam passados para seus filhos.
Portanto, a seleção natural é o processo essencial através do qual se dá a evolução humana – bons genes têm mais chances de serem repassados na reprodução, maus genes tendem a se extinguir, já que seu portador tem poucas chances de sobrevivência.
Assim ocorre com a ansiedade: sendo uma resposta natural frente a situações de risco, indivíduos bem preparados para lutar ou fugir (imagine um homem das cavernas diante de um leão ou outra fera perigosa), tinham mais chances de sobreviver, e de conseqüentemente transmitir esses genes à sua prole.
Na atualidade, não encontramos leões com freqüência, mas muitas outras situações podem ser geradoras de ansiedade, por serem percebidas como potencialmente perigosas: um assalto, um acidente, uma violência física, etc.


No plano subjetivo, essa percepção de ameaça não se restringe à sobrevivência física – uma bronca do chefe, por exemplo, pode ser percebida como uma situação de ameaça, pois as conseqüências de tal evento podem ser ruins (perder o emprego, por exemplo, é potencialmente ameaçador para a sobrevivência deste indivíduo, e gera estresse físico e mental).
Grosso modo, podemos dizer que um indivíduo de funcionamento normal experimentará ansiedade em um momento ou outro de sua vida em que haja a percepção de ameaça, seja ela física, seja ela emocional. Isso pois está geneticamente programado para reagir assim . Retire a ansiedade da carga genética de um ser humano e ele provavelmente morrerá em seus primeiros anos de vida, pois não buscará alimento quando sentir fome, não se protegerá de perigos físicos e não terá a resposta natural adequada à sua sobrevivência.

A ansiedade é marcada por reações físicas específicas
Imaginemos novamente nosso homem das cavernas frente ao leão. Seu corpo compreende que será necessário lutar ou fugir – seus batimentos cardíacos se elevam, a respiração se torna ofegante, e os músculos contraem-se preparando-se para entrar em ação.
Esta descrição assemelha-se muito a como nos sentimos diante de ameaças atuais – quem já foi assaltado lembra-se claramente da taquicardia sentida, do frio no estômago, do tremor nas mãos e da sensação de perigo iminente.
De fato, algumas sensações físicas fazem parte deste quadro que chamamos ansiedade, e todas elas destinam-se, em última análise, para preparar o corpo para enfrentar a situação de ameaça.

A ansiedade permite ao indivíduo preparar-se para apresentar comportamentos adaptativos frente a situações ameaçadoras
Quando uma pessoa se vê diante de uma situação perigosa à sua sobrevivência (física ou mental), ela tende a buscar soluções. Por exemplo, um indivíduo que percebe estar ocorrendo um incêndio em sua casa procurará, rapidamente, por uma saída ou meio de sobreviver.
Caso este indivíduo fosse desprovido desta percepção de perigo, estaria ele vulnerável a diversos tipos de ameaça freqüentes nos nosso dia-a-dia – atravessar uma rua movimentada, andar cuidadosamente por uma floresta, conversar delicadamente com o chefe.
A ansiedade nos permite responder de maneira cuidadosa a estas situações, garantindo nossa sobrevivência e nosso conforto físico e mental.

O indivíduo ansioso sente-se vulnerável em relação a  expectativas bastante negativas
Assim como nosso homem das cavernas percebeu o perigo de encontrar um leão em frente à sua casa, a percepção de perigo é o que imediatamente antecede a ansiedade. A expectativa em relação ao que irá acontecer costuma ser negativa e, em geral, catastrófica.


Um pessoa que é chamada para conversar com o chefe, por exemplo, pode ficar bastante ansiosa com a expectativa de que será demitido, por exemplo. Outra pessoa poderá pensar que receberá uma promoção, e assim não se sentirá ansioso.
Portanto, a idéia do que irá ocorrer determina fortemente as sensações experienciadas, incluindo ansiedade, medo, tristeza, etc.

QUANDO A ANSIEDADE SE TORNA PATOLÓGICA?
A ansiedade torna-se um problema quando ocorre diante de situações que não representam um perigo iminente, ou quando está sendo sentida de maneira desproporcional à situação.
Os Transtornos Ansiosos caracterizam-se pelo sofrimento contínuo de uma sensação de aflição, medo e desconforto, mesmo quando tudo está aparentemente seguro e tranqüilo.
Um Transtorno Ansioso pode se desenvolver quando os sinais da ansiedade (taquicardia, tontura, tensão muscular, tremor, falta de ar) ocorrem com freqüência e tornam-se, por si só, uma fonte primária de preocupação. Assim é no Transtorno de Pânico, por exemplo, quando o indivíduo sente-se constantemente sob risco de vida, tendo uma preocupação profunda com a morte iminente, causada pela própria percepção dos sintomas físicos.

POR QUE DESENVOLVEMOS TRANSTORNOS ANSIOSOS?
Ainda não está plenamente explicado pela ciência o porquê de um indivíduo desenvolver um Transtorno Ansioso e outro, não. Uma vez que a ansiedade é uma resposta natural do organismo, é somente na cronificação do problema que é possível perceber o que leva uma pessoa a se tornar patologicamente ansiosa.
Entretanto, muitas pesquisas têm revelado que existe um fator cognitivo importante, como a pré-disposição a interpretar e prever situações como ameaçadoras ou até letais.
Por cognitivo, entende-se o funcionamento básico de percepção-interpretação das situações. Por exemplo, uma pessoa que está caminhando numa rua escura pode perceber a presença de uma pessoa, e interpretar a situação como um assalto, ou tentativa de violência. É basicamente esta interpretação, cognitiva, que gerará a ansiedade.
Questões relativas à personalidade estão geralmente presentes – indivíduos mais nervosos, impacientes e intolerantes tendem a apresentar mais Transtornos Ansiosos do que outros que sejam mais calmos, pacientes e adaptáveis.
Em última análise, aceita-se que a ansiedade patológica é algo aprendido, ou seja, não é inata. Desenvolve-se através de modelos e experiências significativas, instalando-se de maneira generalizada ou então bastante específica (como nas Fobias Específicas).
Grosso modo, pode-se dizer que a reação de ansiedade aparece diante de um estímulo aversivo, e o Transtorno Ansioso generaliza-se e expande-se para situações diversas.

ANSIEDADE TEM CURA?
Como já foi dito anteriormente, a ansiedade é uma característica genética fundamental à nossa sobrevivência, e como tal, não pode ser separada da existência humana.
Isso significa que a ansiedade não tem cura, pois não é, em si, um problema.
Entretanto, a ansiedade patológica pode ser tratada e o indivíduo pode retomar o seu funcionamento normal, sem que a ansiedade ofereça sofrimento extremo.

QUAL O TRATAMENTO MAIS EFICAZ PARA ANSIEDADE?
As pesquisas mais recentes têm demonstrado que a ansiedade patológica é perfeitamente tratável, desde que sob procedimentos específicos quem vêm sendo cientificamente comprovados.
Atualmente, a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) tem se revelado uma modalidade eficaz de psicoterapia, levando a altos índices de sucesso no tratamento dos Transtornos Ansiosos. O uso de medicamentos pode ser indicado, e estudos revelam que a combinação de TCC e medicamentos produz resultados mais estáveis e duradouros.


A TCC proverá uma ação ampla sobre a ansiedade patológica, tanto em relação aos sintomas físicos (promovendo auto-monitoração e controle de reações físicas desagradáveis) quanto em relação à parte cognitiva, agindo sobre o funcionamento percepção-interpretação e levando a maneiras mais adaptativas de compreender as situações vividas.
Exercícios de respiração, controle corporal, relaxamento, e também exercícios cognitivos de auto-análise e reestruturação cognitiva são técnicas reconhecidas pela Medicina e Psicologia, e são as ferramentas básicas da TCC aplicada aos Transtornos Ansiosos.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lei Maria da Penha em cordel

Você com certeza já ouviu falar da Lei Maria da Penha, que atualmente vem ganhando força e tem sido um instrumento protetivo às vítimas de Violência Doméstica e de Gênero.

O cantor e compositor Tião Simpatia encontrou um jeito leve, divertido e extremamente educativo de falar sobre este tema tão difícil e atualmente tão presente em nossos consultórios.

Acesse o link abaixo e conheça o Cordel Maria da Penha.

E lembre-se: você, profissional da saúde, tem o DEVER, previsto pelo Código de Ética Profissional, de orientar a paciente vítima de agressão a realizar um BO, recorrendo à Lei Maria da Penha. Em casos extremos, em que há risco iminente de morte ou de abuso físico crônico, o profissional tem a obrigação de realizar uma notificação oficial, seja por escrito, seja através do Disque Denúncia (181).



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

VOCÊ É ASSERTIVO?

O QUE É ASSERTIVIDADE?

A assertividade é uma habilidade social que envolve a expressão direta de necessidades, sentimentos, opiniões e preferências, sem sentimentos de culpa, medo e ansiedade e sem que haja hostilidade para com o interlocutor.
            Uma pessoa assertiva se permite agir de acordo com seus próprios interesses, se afirmar perante os outros sem constrangimento, e expressar seus desejos e defender seus direitos, sem agredir ou desrespeitar os direitos dos outros. O comportamento assertivo permite que o indivíduo assuma com segurança seus sentimentos e posturas.
O principal parâmetro a ser avaliado em relação à assertividade é o grau de sofrimento experienciado pelo indivíduo - se existe ansiedade indevida ou excessiva ao expressar-se, acarretando em omissão de sentimentos e opiniões - e se a maneira de expressar-se é comumente hostil, gerando conflitos interpessoais.
            O comportamento assertivo pode ser considerado um “meio-termo” entre duas outras posturas: a passividade e a agressividade. 

O COMPORTAMENTO PASSIVO

A pessoa com tendências passivas apresenta falha ou déficit na expressão de suas necessidades ou preferências, sendo, por vezes, permissiva e omissa em suas opiniões. A pessoa com este comportamento acaba por violar seus próprios direitos, dando, assim, ao outro, a permissão de fazê-lo.
Com bastante freqüência, a pessoa passiva sente dificuldades em transformar situações incômodas em cenários mais confortáveis para si, pois evita comunicar seu desagrado ou expressar seu descontentamento. Pode inclusive prejudicar-se por evitar se beneficiar em situações em que poderia obter ajuda externa e apresentar melhores resultados. Casos típicos são as dificuldades em pedir favores ou, ao contrário, recusar pedidos de outrem.



Os ditos “passivos” podem parecer verdadeiros pacificadores, pois dificilmente contradizem os outros ou correm o risco de desapontar alguém. Costumam utilizar-se do lema “deixemos pra lá”, na tentativa de minimizar todos os conflitos. Entretanto, na base do comportamento assertivo encontra-se, com freqüência, o medo de punições, retaliações, rejeição ou simplesmente falta de repertório adequado (não saber como se expressar).

O COMPORTAMENTO AGRESSIVO

É aquele por meio do qual o indivíduo expressa suas opiniões e emoções de maneira hostil, impondo pontos de vistas ou sendo exigentes quanto às suas necessidades e preferências. A pessoa com este comportamento defende seus direitos, porém com freqüência o faz às custas dos direitos alheios. Ofensas, gritos, xingamentos podem estar presentes, podendo também haver déficit de repertório adequado.



A pessoa dita “agressiva” tende a ser intolerante à frustração – seja a de suas opiniões, seja de recusas ou então de ser exposta a críticas. “Estar certo” é muito importante, e por este motivo tendem a levar a ferro e fogo seus pontos de vista.
A dificuldade em tolerar opiniões e críticas está comumente ligada a insegurança intensa, gerando a necessidade de ser reafirmado através de outros.



COMPORTAMENTO PASSIVO
COMPORTAMENTO AGRESSIVO
- concorda em realizar atividades que não interessa/não pode fazer só porque lhe solicitaram
- recusa de forma hostil pedidos e favores;
- evita pedir favores legítimos ou dos quais necessita
- impõe ou manda outros realizarem tarefas em seu benefício exclusivo
- não manifesta descordo perante algo com o que não concorda
- xinga, humilha ou insulta quando não concorda com algo
- finge agrado mesmo em situações desagradáveis
- expressa de forma hostil seu desagrado; abandona a situação; insulta
- postura corporal retraída ou tensa
- postura corporal ameaçadora; agressões; gestos hostis (dedo levantado, braços cruzados)
- tom de voz muito baixo
- tom de voz elevado
- evita contato visual
- olhar hostil



POR QUE NÃO SOMOS ASSERTIVOS?

            É importante lembrar que ninguém consegue ser 100% assertivo em 100% das situações. Mais dia, menos dia, acabamos sendo passivos ou então agressivos. Pode ser mais fácil ou mais difícil ser assertivo dependendo da pessoa a quem o comportamento se dirige, momento em que ele ocorre ou a situação em que a comunicação acontece. Por isso, falamos em “graus de assertividade” – sendo o ideal que o consigamos ser assertivos com muitas pessoas e em variadas situações.
            A assertividade, assim como muitas de nossas habilidades, é um comportamento aprendido, e não inato. Esta aprendizagem se dá ao longo de nossa primeira infância, através das interações significativas que temos com as pessoas. Podemos aprender com nossos pais, professores, irmãos ou outras figuras de relativa importância, através da observação.
            Podemos ter sido expostos, ao longo de nossa história de vida, a situações de passividade, na qual o comportamento assertivo sofreu punições ou retaliações. Podemos ter sofrido reprimendas (físicas, verbais ou psicológicas) e tido más consequências ao expressarmos nossas emoções, e aprendemos, desta forma, que a assertividade é indesejável.
Da mesma maneira, podemos ter tido benefícios significativos ao permanecermos inassertivos, sendo omissos ou mesmo nos expressando de forma agressiva. Em situações futuras, portanto, iremos recorrer a tais referências ao exercermos nossa comunicação.
            Normas e valores culturais e familiares também podem ter influências. Na cultura japonesa, por exemplo, é comum que a conduta feminina inclua a subserviência e a aceitação. Em determinadas famílias, as crianças são incitadas a acatarem a opinião dos pais sem contestá-las.
            Esse histórico comportamental acaba por modelar tanto nosso repertório de respostas quanto uma série de crenças – de que poderemos ser abandonados caso expressemos algum desgosto, por exemplo.
           
COMO SERMOS ASSERTIVOS?

            Se a assertividade é uma habilidade aprendida, isso significa que podemos aprendê-la a qualquer momento. As dificuldade da fase adulta naturalmente tornarão a aprendizagem mais árdua e, por vezes, haverá a sensação de estarmos “indo contra nossa natureza”. Apesar disso, é importante lembrar que a assertividade é universalmente vantajosa e que, mesmo que cause algum desconforto a curto prazo, os benefícios de longo prazo são numerosos.
            A assertividade, enquanto uma ferramenta social, garante que os direitos de cada indivíduo sejam reassegurados: direito de seguir seus próprios valores e princípios sem ferir os de outrem, de sentir-se bem consigo mesmo sem ter de justificar-se o tempo inteiro, de errar, confundir-se e negar favores sem sentir-se culpado, de ter opiniões próprias e sentimentos legítimos, de mudar de opinião ou de pensar melhor antes de tomar decisões, sem sentir-se pressionado ou oprimido.



Resguardar suas opiniões e pontos de vista não significa, entretanto, que eles estejam certos. Assim como uma pessoa pode expressar suas emoções e opiniões, ela também deve reassegurar ao outro o direito de manter suas próprias convicções - o primeiro direito universal a ser observado é o direito de discordar.
O comportamento assertivos pode ser “dividido” em vários passos, que envolvem desde a análise geral do contexto até mesmo a expressão propriamente dita. Algumas diretrizes básicas podem ser úteis:

  1. Analise a situação como um todo. Entenda exatamente o que está acontecendo e quem a situação envolve.
  2. Se este for o caso, escute com atenção o que o outro diz. Deixe a pessoa saber que você a ouviu, demonstrando empatia.
  3. Investigue seus sentimentos, seus pensamentos e desejos.
  4. Veja o que realmente gostaria de falar e de que forma o faria. Questione-se: a mensagem será recebida da maneira que você tenciona? A forma está adequada? Palavras hostis estão presentes? Qual a maneira mais objetiva e delicada de se expor a idéia?
  5. Avalie a intenção de sua fala. Ela tem um objetivo claro? O que você pretende com isso?
  6. Pense nas conseqüências do que dirá e as assuma, evitando, entretanto, assumir a responsabilidade total pelos sentimentos alheios.
  7. Pense nos gestos e tons de voz ideais a serem usados. Eles são coerentes com seus sentimentos?
  8. Procure ser específico, descrevendo o comportamento ou a situação, ao invés de julgar a pessoa.
  9. Observe a reação do outro, coloque-se no lugar dele e pergunte-se: isso tem relação com sua fala ou com a própria personalidade do outro?
  10. Se sentir-se mal em dizer o que irá dizer, expresse sem desconforto. Isso desperta empatia da parte alheia.
  11. Se sentir ansiedade, pergunte-se: o que você receia? Agüente a ansiedade como um teste de realidade – muitas vezes, sua previsão negativa do que irá acontecer pode não se confirmar.
Para exercer a assertividade com eficiência, exercite a empatia: coloque-se no lugar do outro e imagine como gostaria que tais conteúdos fossem expressos. Costuma funcionar.

Fontes de consulta – para ler mais:

“Bem, até agora ninguém havia reclamado...” Judith Stewart. Makron Books, 1996.

“Assert yourself” M.D. Galassi e J.P. Galassi. Human Sciences Press – adaptação da tradução de Catarina Dias.

“Falo? Ou não falo?” Fátima Cristina Conte e Maria Zilah Brandão. Editora Mecenas, 2003.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) é uma modalidade de Psicoterapia que tem se revelado extremamente eficiente no tratamento de pacientes que estejam experimentando algum tipo de sofrimento psicológico, especialmente no caso dos transtornos psiquiátricos. A TCC tem adquirido maior reconhecimento dentro do campo científico e cada vez mais tem sido a abordagem mais indicada quando integrada ao tratamento médico.

Como o próprio nome já diz, a TCC reúne pressupostos e técnicas de ambas as terapias, a Comportamental e a Cognitiva. Assim, a TCC abrange tanto a modificação do comportamento humano em suas mais variadas formas, como também a compreensão do sentido e significado destes e outros comportamentos associados ao sofrimento mental e  emocional.

No âmbito comportamental, a TCC se utiliza do Behaviorismo, preconizado por B.F. Skinner, e das leis gerais do comportamento para a identificação e alteração de comportamentos indesejados existentes, possivelmente consolidados através do tempo dentro do quadro diagnóstico do paciente. Isso significa que um dos principais esforços em psicoterapia será a análise destes comportamentos, a identificação do que os mantém e de que maneira eles podem ser alterados.  Esta análise irá permear o processo durante todo o seu desenvolvimento, e poderá abranger uma gama extensa de situações.


B.F. Skinner, psicólogo e pai da Psicologia Comportamental

De uma maneira geral, a análise comportamental procurará dar conta de uma série de perguntas que o paciente e o terapeuta irão se fazer ao longo do processo psicoterápico. Por exemplo, um paciente com problemas de alcoolismo se deparará, com freqüência, com questões como “o que o leva a beber?”; “em que situações a vontade de beber ocorre?”; “com quem geralmente você bebe?”; “existem situações específicas em que o desejo de beber é maior?”, e assim por diante. Desta forma, será investigado, minuciosamente, o que mantém o comportamento de beber, que tipo de conseqüências tal comportamento provoca, que situações o evocam e o que pode ser modificado no dia-a-dia do paciente para auxiliá-lo num possível tratamento de desintoxicação. Este contexto acima descrito poderá se estender para uma série de finalidades, abrangendo os mais diferentes comportamentos (social, afetivo,  familiar, sexual, entre outros).

Na esfera cognitiva, a TCC vale-se da proposta de Aaron Beck, cognitivista renomado, de que sentimentos e pensamentos possuem uma conexão direta, sendo os primeiros originários dos segundos. Desta forma, a Terapia Cognitiva é a primeira abordagem a correlacionar afeto e cognição, emoção e razão, ampliando assim os horizontes do trabalho clínico. A idéia é a de que o indivíduo, ao processar cognitivamente suas experiências, atribui a elas um significado, formulando assim conceitos, hipóteses e crenças correlatas.

Com base nisso, o indivíduo pode comportar-se de maneira equivalente, construir hipóteses sobre o mundo e sobre si mesmo – destas crenças e pensamentos, surgem sentimentos decorrentes. Pela lógica, crenças distorcidas e pouco realistas sobre si mesmo ou o mundo podem gerar sentimentos indesejados (tristeza, ansiedade, etc), podendo então conduzir o indivíduo a um quadro psicológico marcado pelo sofrimento (Pânico, Depressão, etc). A análise de tais significados, pensamentos e crenças, assim como sua modificação com base nos dados de realidade, poderão alterar, por conseqüência, os sentimentos ligados a elas, trazendo alívio de sintomas depressivos, ansiosos, obsessivos, etc.


Aaron Beck, psiquiatra e preconizador da Terapia Cognitiva


Grosso modo, a integração das duas abordagens equivale dizer: sentimos e agimos de acordo com o que pensamos – e nem sempre o que pensamos é condizente com a realidade.  Modificando nossa forma de pensar, podemos também modificar nossos sentimentos, assim como nossos comportamentos.

Por exemplo, um indivíduo que se sente extremamente ansioso quando precisa falar em público acredita que é especialmente inábil nesta tarefa e crê que seu nervosismo é perceptível a todos. De posse de tais pensamentos negativos, sua ansiedade é nitidamente elevada, o que aumenta as chances de que ele de fato apresente sinais físicos de nervosismo (tremores na voz, rubor facial, sudorese, confusão mental, gagueira etc.), confirmando sua crença inicial de que não fala bem em público e de que seu nervosismo é evidente – o que perpetua o problema.

Crenças e pensamentos envolvendo a aceitação social, baixa auto-estima e elevados níveis de auto-exigência podem estar presentes na base do problema, e poderão ser identificados e modificados mediante avaliação psicoterápica inicial. Treinamentos de conversação também poderão ser realizados, de maneira a aprimorar as habilidades do paciente nesta área em específico.

Mais uma vez, tal tipo de análise e intervenção poderá se estender a quaisquer outros tipos de problemas, incluindo a vida ocupacional, social, amorosa ou familiar do paciente.

Com base nesses pressupostos, a TCC oferece um amplo espectro de tratamento psicológico, abrangendo, a um mesmo tempo, o afeto, o comportamento e a cognição. Este enfoque tem se revelado especialmente eficiente em quadros particularmente incômodos e específicos, bastante comuns na atualidade, como no caso dos Transtornos Ansiosos (Pânico, Ansiedade Generalizada, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, quadros fóbicos etc) e Transtornos Afetivos (Depressão, Distimia, etc).

Muito embora a aplicação desta abordagem psicológica junto aos quadros psiquiátricos seja extremamente promissora, a TCC também é uma maneira excelente de adquirir maior auto-conhecimento; assim, sua aplicação não se restringe a casos psiquiátricos e vai além dos quadros diagnósticos, atingindo e beneficiando qualquer indivíduo que deseje possuir maior auto-percepção, compreensão de si e qualidade de vida.

A TCC tem como um dos seus objetivos a completa capacitação do paciente para a auto-análise, favorecendo que, ao final do processo, este possua total autonomia e preparo pessoal para lidar com possíveis crises no futuro. Aplicando aos mais variados contextos o que a reeducação comportamental e a reestruturação cognitiva lhe ofereceram, o paciente estará apto a prosseguir sua reformulação interna, consolidando assim em sua vida diária as modificações edificadas em terapia.

Em função dos aspectos técnicos e da proposta educacional acima descrita, a TCC tende a ser mais breve e mais pontual, representando, desta forma, uma excelente alternativa aos longos e custosos processos psicoterápicos tradicionais.